domingo, 25 de outubro de 2009

A comunicação na Justiça Brasileira


O Curso de Auxiliar Técnico em Jornalismo do hoje Instituto Educacional Cecy Leite Costa, enquanto existiu, formou toda uma geração de jornalistas passo-fundenses que enriquecem o jornalismo nacional. Muitos deles qualificam os meios de comunicação social do município; outros alçaram vôos para distantes paragens. É uma história que urge escritura.
O sangue e a alma daquele Curso têm nome: Edy Isaías, uma das personalidades mais brilhantes de Passo Fundo. Integrante de uma família de educadores tornou-se o modelo dessa geração de homens e mulheres que colocam a imprensa local entre as melhor qualificadas do país. Se o Professor Edy estivesse fisicamente entre nós, transpirando felicidade, seria o primeiro na fila de autógrafos de “A comunicação na Justiça Brasileira” (PANDION EDITORA, Florianópolis, SC, 2009), do seu aluno Flávio Damiani e da jornalista potiguar Edvânia Kátia, no dia 30 de outubro, sexta-feira, às 18 horas, durante a 23ª Jornada Nacional de Literatura.
Após passar, como repórter e editor, pelos mais importantes veículos de comunicação do Rio Grande do Sul, como Jornal Zero Hora, RBSTV, Rede Globo, Rádio Gaúcha, Rede Bandeirantes e Caldas Júnior, durante oito anos, dirigiu a comunicação do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Tornou-se um dos líderes do Fórum Nacional de Comunicação e Justiça, cuja história resgata, ao lado de Edvânia Kátia, outra condutora dos assessores de imprensa do Ministério Público no Brasil.
A Constituição de 1988 conferiu aos promotores de Justiça uma responsabilidade social importantíssima. Enquanto se sucediam e continuam as denúncias contra integrantes do Poder Judiciário, discutia-se a necessidade de estabelecer um canal de comunicação o mais direto possível entre o Ministério Público e o Judiciário com a sociedade. Entram em cena os assessores de imprensa, organizando-se e predispondo-se a se constituírem nesse canal.
Através de sucessivos encontros procuram criar instrumentos registrado através de diversas cartas. Todo esse processo está registrado em “A comunicação na Justiça Brasileira”.
Do ponto de vista formal, o livro é o histórico de um grupo profissional em busca do reconhecimento próprio, através do fortalecimento das “empresas” em que trabalham. Do ponto de vista essencial, é a documentação de um movimento de opinião, talvez inconsciente, sobre os vícios dos órgãos ligados à Justiça.
As premiações recebidas pelas assessorias de imprensa do Ministério Público Federal e as premiações que suas congêneres de outros órgãos do Poder Judiciário, Ministério Público, Tribunais de Contas e outras entidades afins da Justiça receberam testemunham a melhoria da qualidade dos trabalhos jornalísticos oferecidos. As assessorias de comunicação, por si mesmas, não resolveram problemas antigos, já retratados em obras clássicas do pensamento jurídico social brasileiro, como a introdução a “O Papa e o Concílio”, de Rui Barbosa, mas contribuirão, ao menos, para minimizá-los. Aparar os dentes e as unhas de uma besta-fera indomável, chamada patrimonialismo, já é uma grande vantagem para a sociedade.
“A comunicação na Justiça Brasileira” merece leitura atenta, especialmente daqueles que militam no jornalismo informativo ou mantêm um contado mais íntimo com a área do Direito.

Paulo Monteiro

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