quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A ciência como ela é...



Paulo Monteiro (*)

O lançamento de “A ciência como ela é...”, de Gilberto R. Cunha, na próxima quinta-feira, dia 10 de novembro, às 17 horas, na 25ª Feira do Livro de Passo Fundo, seguramente, será uma das atividades mais exitosas do evento.
Conheço o Autor há vários anos, através dos seus livros e artigos divulgados na imprensa local. Conviver com ele, na Academia Passo-Fundense de Letras, contribuiu para aprofundar o conhecimento de sua obra. A exemplo deste, li os dois mais recentes (“Cientistas no divã” e “Galileu é meu pesadelo”) ainda nos originais.
Gilberto R. Cunha é um cientista reconhecido. Assim, tinha tudo para ser um daqueles intelectuais odiados por Søren Kierkegaard e Arthur Schopenhauer, sobre os quais deixaram algumas das páginas mais duras da Filosofia. Gilberto R. Cunha, porém, é a antítese daqueles pavões liliputianos, hoje enterrados no aterro sanitário da História, que tanto irritavam os pais do existencialismo contemporâneo.
Já escrevi que o autor de “A ciência como ela é...” escreve com rara clareza, o que o diferencia da maioria dos auto-intitulados “acadêmicos”. Pensadores comprometidos com o humanismo, de há muito, constataram que vivemos um novo período escolástico. Membros de um clero laico, por um direito satânico, expressando-se numa nova língua morta, lançam a fogueiras morais quem não faça parte desta ou daquela ordem, também laica. E a ciência transformou-se num debate entre alienados, já descritos pelo “jovem Marx” de “A Ideologia Alemã” e de “A Miséria da Filosofia”.
Gilberto R. Cunha é um humanista, e, como humanista, escreve para homens e não para “daimons”. Ao modelo dos grandes humanistas, que plasmaram as ciências, de Platão, aos contemporâneos, escreve para ser entendido. Daí, naturalmente, sua preocupação, nos últimos livros com a Filosofia da Ciência. O trocadilho que faz com “A vida como ela é...”, de Nelson Rodrigues não tem nada de inocente. Ambos (Nelson e Gilberto) deixam o Ser e penetram na Essência. Cada um, a seu modo e a seu tempo, apropriam-se da “epistéme”.
A experiência do Autor, como Chefe-Geral da Embrapa Trigo, de 1º de março de 2006 a 5 de setembro de 2010, permitiu-lhe ver “a ciência como ela é...” e os “cientistas como eles são”. Durante mais de um lustro, Gilberto R. Cunha aprendeu Filosofia da Ciência na própria carne. Aprendamos, também, com ele.

(*) Paulo Monteiro é autor dos livros “A Trova no Espírito Santo – História e Antologia –”, “Combates da Revolução Federalista em Passo Fundo”, “O Massacre de Porongos & Outras Histórias Gaúchas” e “A Campanha da Legalidade em Passo Fundo”, além de centenas de artigos e ensaios sobre temas históricos, literários e culturais.

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